terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Infância com gosto de tubaína


O saudosismo faz parte da minha vida e eu não me canso de dizer isso. SOU NOSTÁLGICA SEM LIMITES e tudo que eu vivi de bom lembro-me com saudades intensas, choro e rio sozinha, se necessário for, revejo fotos, ouço músicas, sinto perfumes... Tudo pra me levar de volta ‘aquele bom e velho tempo que não volta mais’.

Mas toda essa conversinha fiada é pra falar de um LÍQUIDO PRECIOSO que não é água, mas é tão bom quanto. Não só pelo sabor docinho, mas PRINCIPALMENTE POR TER GOSTO DE INFÂNCIA. Ela, a TUBAÍNA, a minha diva de hoje e sempre.

Tubaína é melhor que uma sexta-feira, porque quando a gente é criança todo dia é dia de descanso e principalmente de lazer. A danada é um refrigerante, se não for parece muito até por ser gaseificado, que tem em vários sabores como cola, guaraná, laranja e TUTI FRUTTI. É gostosa por ser boa mesmo e é mais especial ainda por ter feito parte da infância e da adolescência de muita gente. Não sei se a diva existe em todo o Brasil, se sim ótimo, se não lamento profundamente por todos aqueles que não puderam fazer piquenique na varanda de casa ao som de Balão Mágico COMENDO MICÃO E BEBENDO TUBAÍNA.

Eu sou filha única, mas meus primos fizeram às vezes de irmãos pra mim, na verdade ainda fazem. Não só quando a gente brincava na rua e alguém levava um chute na canela por outro ter dado um pescoção no amigo do vizinho, mas até hoje, nas alegrias e tristezas, na saúde e na doença e creio eu, ‘até que a morte nos separe’. Mas foi graças a todos esse primos que eu tive a melhor infância que alguém pode pensar em ter.


Brinquei de elástico, de bicicleta, tomei banho em piscina plástica, me perdi em shoppings, desci em váááários tobogãs sentada naquele saco de lona, é claro, (saía com o pé sangrando por não saber apoiá-lo direito em cima do saco), torci o pé, cai do balanço, me queimei com fósforo, cortei o dedo tentando fazer papinha de abacate pras bonecas, cortei também o cabelo deixando aquele buraco lindo bem no meio da cabeça, escorreguei em ‘ruma’ de areia de construção e também fiz vários PIQUENIQUES NA VARANDA.

Mas de todas as artes infantis essa, talvez, é a que me dê mais saudade. Éramos cinco e meio. Posso explicar. Eram quatro meninas e um menino com mais ou menos seis ou sete anos e um pimpolho de um ano e meio que sempre participava de TUDO. Eu morava e ainda moro em Salvador e todas as férias, sem exceção, eu ia pra Feira de Santana, interior da Bahia. Quando o sol brilhava a gente ficava pela rua saracoteando o dia inteiro até tomar uma surra por ter feito alguma traquinagem. Mas quando chovia ficávamos trancafiados em casa ‘pra ninguém pegar uma pneumonia’. E eram nos dias de chuva que as ideias criativas apareciam com mais intensidade.

Sem ter o que fazer a gente inventava aniversário de bonecas e bonecos e os tais piqueniques. E como todo lanche que se preza tem que ter alguma iguaria fantástica feita pelas próprias crianças. Mas se não podíamos chegar perto da cozinha, o que seria do nosso ‘brunch’?

Eis que fazíamos ‘vaquinha’ com todos os adultos da casa, arrecadávamos cerca de R$ 3,00 ou R$ 5,00 no máximo e quando a chuva dava uma trégua os mais velhos iam (literalmente) correndo para o mercadinho mais próximo - lê-se na esquina- e faziam as compras, enquanto os caçulas arrumavam a festa ou a ‘grama’. A lista do ‘mercado’ era composta por um litro de tubaína, a que tivesse mais barata ou mais gelada, um pacote grande de micão (micão é um salgadinho de queijo que segundo minha mãe parece isopor amarelo com cheiro enjoado e sem nenhuma utilidade alimentícia) e um pacote de biscoito recheado de chocolate, claro que também o mais barato.

E assim a gente passava as manhãs ou tardes chuvosas comendo e bebendo em pratinhos de brinquedo, sentados em uma toalha quadriculada branca e vermelha, falando um monte de besteira e fazendo guerra de salgadinho no final disso tudo. Até porque a graça era pegar a vassoura que era maior do que qualquer um de nós e tentar limpar a bagunça. Mas nunca conseguimos deixar a casa limpa como nossas mães desejavam, mas FOMOS IMENSAMENTE FELIZES como todas elas sonharam.

P.S. Escrevi todo o texto, que ficou longo, me desculpem, com um riso estampado na cara. Não sou doida, sou saudosista, esqueceram?!

                                                                                                                                    19/12/2011

2 comentários:

  1. Putz... Tubaína sempre foi e sempre será bem vinda, mas a de laranja.... Arrrrrrggggggggh!! Certamente é o que há de pior para se beber na Via Lácteaaaaaaaa!!

    Para complementar, ai vai Casimiro de Abreu (1837-1860):

    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    (...)
    Como são belos os dias
    Do despontar da existência!
    — Respira a alma inocência
    Como perfumes a flor;
    O mar é — lago sereno,
    O céu — um manto azulado,
    O mundo — um sonho dourado,
    A vida — um hino d'amor!
    Que aurora, que sol, que vida,
    Que noites de melodia
    Naquela doce alegria,
    Naquele ingênuo folgar!
    (...)
    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    — Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    À sombra das bananeiras
    Debaixo dos laranjais!

    ResponderExcluir
  2. INFÂNCIA COM GOSTO DE TUBAINA... SAUDADES!!!!

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...